quarta-feira, 17 de março de 2010

Vivendo o Colorido da Graça

Às vezes queremos olhar a vida como se ela fosse constituída de categorias estanques, fechadas, como preto e branco, feio e bonito, alto e baixo etc. Mas a vida não se deixa fechar nessas categorias, ela tem cor própria, ela é multiforme, como "multiforme é a graça de Deus" (I Pe 4,10), afinal a vida é graça (cavri") em todos os seus sentidos.

Às vezes perdemos a "graça" da vida. Isso porque colocamos o foco no movimento negativo, ou menos positivo. Quando isso acontece temos a sensação de que tudo vai mal, somos tomados pelo negativismo, por um sentimento de derrota e a vida fica sem cor, fica sem "graça". Só conseguimos ver o que não está bom. Alguns de nós constroem suas vidas assim, terminam criando complexo de urubu, que mesmo voando sobre uma linda paisagem, vendo lá de cima a beleza do mundo, só consegue ver a carniça.

Mesmo nos momentos mais difíceis de nossas vidas ou de nossos ministérios temos que cuidar do foco, para não nos deixarmos vencer pela falta de graça.

Quando falo em graça, penso em alegria, sorriso, beleza, dádiva, simpatia etc, porque isso tudo está na "graça", tanto na experiência da "graça" como na palavra grega, que traduzimos por "graça".

Vamos cuidar do foco de nossas vidas. Vamos colocar os holofotes nas coisas boas. Há muitas coisas boas acontecendo em nosso redor, estas coisas afirmam a "graça". Afinal, somos, pelo Espírito Santo, equipados com o "poder de fazer", o "poder gerador" e nisto consiste a capacidade de testemunhar (At. 1,8).

O Livro Isaías fala isso de um outro jeito – o jeito de profeta – relatando a palavra de Jahwe ao povo cativo na Babilônia. "Assim diz Jahwe, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou Jahwe teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar." (Is 48,17).

O povo cativo na Babilônia, só conseguia ver seu próprio sofrimento, mas Jahwe se apresenta como resgatador (goel), aquele que paga pela liberdade do parente escravizado; se apresenta ainda como santo (qadosh), aquele que pertence a esfera do divino e não se limita aos condicionamentos da história. Ele ensina o que é útil, o que ajuda, o que transforma as circunstâncias negativas – escravidão – em positivas – liberdade –, mostrando que os condicionamentos do momento não são eternos, quando andamos sob sua orientação. Isso é graça, a ação do resgatador, que possibilita a liberdade e a ajuda na caminhada da vida.

Temos vivido "tempos de graça", porque temos experimentado a ação do Resgatador. Não vamos perder o foco, vamos deixar que a graça mantenha o colorido de nossas vidas, de nossos ministérios.

Dr. Ágabo Borges de Sousa

Reitor do Seminário Teológico Batista do Nordeste

Fonte: www.stbne.org.br

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